quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Marcadores bioquímicos

• ALFAFETOPROTEÍNA (AFP)

Este marcador bioquímico é utilizado no Teste de Risco Fetal Triplo e no Integrado.

Bergstrand & Czar, 19569, descreveram a alfafetoproteína como uma nova fração protéica presente no soro fetal, mas não no materno.

Na década de 60, verificou-se que a AFP é sintetizada inicialmente pelas células do saco vitelino e posteriormente pelo fígado do embrião.

A produção da AFP no saco vitelino se estende até a 11ª - 12ª semana de gestação, quando o órgão se degenega. A partir daí e durante toda a vida fetal, o fígado é o órgão responsável por sua síntese.

As concentrações de AFP no soro fetal aumentam até a 13ª - 14ª semana gestacional, quando atingem o pico de 3,5 - 4,0 g/l. A partir daí ocorre uma queda exponencial, atingindo no nascimento níveis entre 10 e 250 mg/l, com níveis mais elevados observados em prematuros.

No líquido amniótico, os níveis de AFP são cerca de 300 vezes mais baixos que os do soro fetal de mesma idade gestacional, atingindo um pico de cerca de 30 mg/l entre a 12ª e a 14ª semana gestacional. A partir daí ocorre uma acentuada queda linear até a 22ª semana, seguindo-se uma queda mais gradual até o nascimento.

No soro materno, os níveis de AFP são cerca de 10.000 vezes mais baixos que no soro fetal entre a 14ª e a 22ª semana gestacional. A AFP mostra um aumento gradual no 1º e 2º trimestres, atingindo um pico no meado do 3º trimestre.


Nas gestações múltiplas os níveis de AFP estão proporcionalmente elevados.
Gestantes com diabetes insulino-dependente têm níveis de MSAFP significativamente mais baixos que gestantes não-diabéticas no 2º trimestre de gestação.




• HORMÔNIO GONODOTRÓFICO (hCG)

Este marcador bioquímico é utilizado no Teste de Risco Fetal de Primeiro trimestre, no Triplo e no Integrado.

É um hormônio glicoproteico composto de duas subunidades: alfa e beta.
O papel fisiológico da hCG é manter o corpo lúteo funcionante até a 7ª - 9ª semana de gestação. O corpo lúteo secreta vários hormônios fundamentais para esta fase inicial da gravidez: estrogênios, progesterona, 17-alfa-hidroxiprogesterona, relaxina e inibina.

A hCG passa a ser detectada no sangue materno a partir do 7º dia após a ovulação, aumentando progressivamente até atingir seu pico na 10ª semana, com níveis em torno de 50.000 a 100.000 mUI/ml. A partir daí seus níveis começam a declinar lentamente até o nascimento.

Normalmente, apenas uma pequena proporção (<1%) da subunidade beta está presente na forma livre (ß-hCG livre).

O ß-hCG livre se origina de três fontes:

1. secreção direta pelas células trofoblásticas;
2. dissociação lenta da hCG circulante;
3. corte ('nicking") da hCG no tecido trofoblástico, seguida de rápida dissociação na circulação sistêmica.

Vários tipos de ensaio de hCG têm sido propostos para o rastreamento pré-natal. No rastreamento de Trissomia do 21 no 2º trimestre podem ser utilizados ensaios que medem a hCG intacta (alfa e beta) ou "total" (hCG intacta mais o ß-hCG livre), ou somente o ß-hCG livre. No DLE utilizamos o ß-hCG livre nos testes de 2º trimestre.

No rastreamento de T21 no 1º trimestre devem sempre ser utilizados os ensaios de ß-hCG livre.

Na síndrome de Down fetal é observado um aumento dos níveis de hCG (intacta, "total" e ß-hCG livre), uma característica singular desta cromossomopatia, não sendo encontrada em outras aberrações cromossômicas, com a possível exceção da Síndrome de Turner.

Nas gestações múltiplas as concentrações de hCG(intacta, "total" e ß-hCG livre) são cerca de duas vezes maiores que as concentrações nas gestações de feto único.

• ESTRIOL

Este marcador bioquímico é utilizado no Teste de Risco Fetal Triplo e no Integrado.

O estriol é um estrogênio sintetizado em grandes quantidades durante a gravidez, a partir da aromatização(aumento seletivo da aromaticidade) placentária de androgênios fetais de origem supra-renal. Sua síntese requer a interação de enzimas da supra-renal e do fígado fetais, além da placenta.

A enzima sulfatase placentária converte o 16 alfa-hidroxi-DHEAS em 16 alfa-hidroxi-DHEA livre. Este último produto é metabolizado em estriol na placenta. Portanto, para a síntese deste estrogênio placentário é necessário um feto vivo com função adrenal adequada.

Por muitos anos a dosagem de estriol urinário foi utilizada clinicamente como um marcador de bem-estar fetal no 3º trimestre.

No 2º trimestre, a dosagem do estriol não conjugado (uE3)no soro materno é realizada como parte do teste triplo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário